pesquisa e prática
das danças brasileiras

quem somos


O grupo Baiadô: pesquisa e prática das danças brasileiras existe há mais de seis anos. É um projeto desenvolvido no Laboratório de Ações Corporais que articula extensão, pesquisa e ensino. Nos encontros semanais os integrantes do grupo ensaiam, criam e refletem sobre as danças elaboradas a partir das culturas populares. Nas ruas e praças da cidade o grupo apresenta sua criação e celebra a vida dançando junto com o público. Em escolas, centros comunitários e outros espaços coletivos, o Baiadô ensina danças e processos de criação. Nas festas populares o diálogo com os portadores de tradição enriquece as danças e a compreensão da sociedade complexa em que vivemos.

O início do grupo foi o trabalho com as danças brasileiras nas disciplinas de expressão corporal do curso de Teatro. Atualmente há uma disciplina específica, Danças Brasileiras, que leva para dentro do curso a experiência de pesquisa e de ensino/aprendizagem desenvolvidas no Baiadô. É comum a inclusão das danças brasileiras nas atividades curriculares de prática de ensino dos estudantes de licenciatura em Teatro.

As atividades do grupo foram tema da tese de doutorado em Educação pela UNICAMP denominada Baila bonito baiadô: educação, dança e culturas populares em Uberlândia, Minas Gerais , defendida pela coordenadora do grupo Profª Renata Bittencourt Meira. A pesquisa focou os aspectos populares da educação e o processo de criação popular, bases teóricas do trabalho desenvolvido pelo grupo. O campo experimental da pesquisa é o grupo Baiadô e o diálogo que este estabelece com as danças populares tradicionais, com ênfase nas danças regionais, especialmente o Congado. Outros integrantes desenvolvem pesquisas, em diferentes áreas de conhecimento, com o Baiadô como referência.

O caráter extensionista do Baiadô está na própria natureza das atividades que desenvolve e na estrutura do grupo. As atividades giram em torno da criação de danças a partir das culturas populares e dos desdobramentos cênicos, educacionais e técnicos que essa criação promove. O resultado de sua prática é apresentado em espetáculos de dança e oferecido em forma de oficinas de danças brasileiras. Estar em contato com grupos de Congado, Tendas de Umbanda, festas tradicionais de santos juninos é parte das atividades do grupo. Realizar apresentações em bairros da cidade, feiras livres, praças, assentamentos urbanos e na área rural é uma maneira do Baiadô colaborar com a relação entre a universidade e diferentes setores da sociedade, prioritariamente setores populares. Outra forma de estabelecer esta relação é a abertura do grupo para as pessoas que se interessam em participar. O grupo é aberto a toda e qualquer pessoa, participam estudantes da universidade e outras pessoas interessadas. 

Além dessas três formas de extensão, as atividades de diálogo com os grupos de cultura popular da região, as apresentações realizadas em diferentes locais da cidade e a participação de pessoas oriundas de diferentes setores da sociedade, o Baiadô também oferece oficinas de dança e desenvolve projetos em parceria com os setores populares. Foi parceiro na Escola de Congo, no Periferarte, no Projeto Fica Vivo e atualmente colabora com um projeto coordenado por Eustáquio Marques, capitão do Terno de Congo de Sainha. O oferecimento de oficinas é uma atividade que cumpre dois objetivos centrais: promove a vivência e a criação em danças criadas a partir da cultura popular, o que facilita a compreensão e valorização das culturas populares regionais, e é parte da metodologia de formação de integrantes do grupo como oficineiros, ou seja, educadores populares em dança.

Esse processo que envolve criação, ensino e aprendizagem se faz com todos os integrantes do grupo. Há danças e músicas criadas por dez integrantes e ex integrantes do Baiadô, inclusive por Bárbara que tem sete anos de idade. O oferecimento de oficinas é planejado e avaliado em conjunto, o que promove a troca de saberes entre os integrantes do grupo. Os professores colaboram intensamente com questões metodológicas e estratégias de ensino aprendidas na prática da educação escolar.Os portadores de tradição colaboram com a experiência na educação não formal, pois em suas práticas congadeiras, capoeiras ou umbandistas, aprendem e ensinam dança. Os integrantes que demonstram interesse participam também do grupo de educadores do Baiadô, observando e praticando o ensino de dança, descobrindo um jeito próprio de ensinar. Cada baiadô dança, cria, aprende e ensina de maneira própria. Essa individualidade é valorizada e discutida no grupo, com isso as diferenças são enriquecedoras. Esses processos de criação e de educação configuram o Baiadô como um campo de formação não formal que se aporta nos aspectos populares da educação e da criação, conforme Meira (2007). A partir da dança e da convivência em grupo, o Baiadô tem traçado caminhos de troca entre o universo acadêmico e o universo popular.

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MEIRA, Renata Bittencourt. Baila bonito baiadô: educação, dança e culturas populares em Uberlândia, Minas Gerais . 2007. 265p. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação: Laboratório de Estudo sobre Ensino de Arte, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2007.